1. |
desencanto
02:30
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não me deixes cá ficar que o tempo que já deixaste passar
reflecte muito acerca da tua personalidade
e da tua verbalidade não tenho nada a afirmar
não escreves poemas mas citas Pessoa a bailar
às vezes dizes tanta merda
embora não saiba viver sem ti
acho que sais fora de mim
então fazemos assim
não entendes que o meu desencanto
reside em não estares aqui
e tu sentada em casa, descansada
não tanto a escrever mas mais a ler
tu despreocupada com a figura que dizes ter
e nem num momento em mim o pensamento
às vezes dizes tanta merda
embora não saiba viver sem ti
acho que sais fora de mim
então fazemos assim
não entendes que o meu desencanto
reside em não estares aqui
para ti cá estou eu mais uma vez
impotente a escrever sem poder te tocar
nem pensar só porque continuas a teimar
que esta cidade não é de apaixonar
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2. |
as duas que és
03:56
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pensas que és só de razão
mas és mais do que uma só
estás no meio do pensamento e da emoção, da razão e da tradição
tens mais em ti do que deixas sair
consciencializas o errado e pões tudo de lado
sem sentir o fado és só rejeição
tentas voltar parar de pensar sem partir
não é pejorativo é só subjectivo
deixa-te levar pela perspectiva e deixa de ser objectiva, sei que és capaz
tens tanto tempo para pensar agora és só para sentir
jogas ao lado do momento cheia de pensamento não te cansas de reflectir
pensas que és só de razão
mas és mais do que uma só
e quando tudo é segredo as palavras ganham sentido
repartido por dois que com que medo tentam o jogo da vida
sem perceberem que nenhum está certo nem errado
só apaixonado, só calculado, só sintetizado, só modificado pela sensação
momentânea e espontânea, recebida a uma afronta maior
a fronteira da distância é uma merda do pior
pensas que és só de razão
mas és mais do que uma só
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3. |
espaço
04:02
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sempre que partires sem eu saber
volta sem querer
para depois num abraço os dois
termos espaço e um escasso prazer
e quando chegares tenta sem querer
chegar sem eu perceber
que partiste para nunca voltar
no espaço de tentar nunca perder
tenta partir sem eu saber
que chegaste para contar
do que o tempo gosta é acaso mortal
é folha banal, é sensacional
não não vás
não não estás
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4. |
tereza e tomás
03:01
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de Tereza e Tomás ninguém podia prever
que ambos se tornassem no que nenhum queria parecer
até que enfim com esse preceito
e todo esse jeito de parecer não querer saber
tomás despede-se do emprego sem nunca se preocupar
lava janelas para com a razão ficar
e mesmo assim com esse efeito
e esse defeito de humano ser
tereza sabia demais
tereza sabia demais
ela sabia demais para si
entre Tereza e Sabina Tomás não sabia escolher
se era o peso, a leveza, a compaixão ou o prazer
até que então escolhe o conceito
onde o peso não é defeito e decide conhecer
tomás queria demais
ele queria demais
ele queria demais para si
tomás é Sabina mas nunca a teria na mão
tereza é Franz sem Tomás para a fundição
mas é curioso que com estas rebelias
discussões dentro de dicotomias se descobre o ser
ninguém quer não ser mais
tereza queria demais
ele sabia demais para si
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5. |
conversas de quintal
03:11
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com um cigarro na mão ´
e na outra o coração
onde é que elas vão
enquanto dou um gole de cerveja
vejo uma boca que boceja
e dinheiro numa bandeja
enquanto nos tiram o que é bom
ficam sentadinhos a ouvir um som
e não chega tiram-nos também o nome
burros com dinheiro e sem fome
e o que é que nos resta
uns amigos uma festa
o nosso amor nesta
corrupção sentimental
sem um cigarro na mão
e sem na outra um coração
onde é que elas vão
enquanto não dá para pedir cerveja
vejo uma boca que boceja
e nada numa bandeja
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6. |
canção do erro
05:05
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andas sozinho no mundo
sempre a evitar o fundo
andas envolto no fumo
sem rejeitar o mundano
há anos que cá ando
e a fórmula não a desvendo
não sei se é tempo se é jogo
tento conhecer mas é difícil apreender
que o mar está lá para me banhar
que a chuva cai sempre em dias maus
que o tempo não serve só para atrapalhar
que é no erro que pego para me encontrar
caminhas cedo nocturno
com um olhar soturno
percebes que só há realidade
quando buscas pela verdade
é no pique da tua compreensão
no auge da tua auto-depreciação
em que a percepção geral
vem da ilusão individual
e que o mar está lá para me banhar
que a chuva cai sempre em dias maus
que o tempo não serve só para atrapalhar
que é no erro que pego para me encontrar
em paradigmas culturais
distintos e nada universais
os teus erros gerais
são para os outros banais
andas sozinho no mundo
sempre a evitar o fundo
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